Farmacêuticos pesquisam efeitos da Bicuíba para proteção cardiovascular, renal e na cicatrização de - CRF-AC
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Acesso em 21/11/2024 às 11h42.

Farmacêuticos pesquisam efeitos da Bicuíba para proteção cardiovascular, renal e na cicatrização de

O farmacêutico Thiago de Melo, professor de pós-graduação da Universidade de Vila Velha (UVV), e quem coordena a pesquisa

21 de novembro de 2022, às 22h18 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

Farmacêuticos pesquisadores do Espírito Santo estão investigando a ação antioxidante de uma resina extraída da espécie nativa da região da Mata Atlântica, a Virola bicuhyba, popularmente conhecida como Bicuíba. O farmacêutico Thiago de Melo, professor de pós-graduação da Universidade de Vila Velha (UVV), é quem coordena a pesquisa. Ele explicou que todos os testes foram feitos em ratos no período de dois anos. Os animais foram divididos em grupos: os que tiveram os machucados tratados com doses de um remédio comercial, utilizado em hospitais, e os que receberam a resina.

“Tivemos a grata surpresa quando fizemos uma nova formulação com produtos da resina, um creme, feito com colegas aqui da pós-graduação, e testamos isso em animais, havendo uma resposta muito boa, inclusive, comparado aos produtos normalmente usados nos hospitais. A formulação com a resina da Bicuíba mostrou efeito superior ao clássico ácido graxo essencial – o mais comercializado hoje para cicatrização”, explicou Thiago de Melo.

 


O farmacêutico Thiago de Melo, professor de pós-graduação
da Universidade de Vila Velha (UVV)

 

Os resultados do estudo foram publicados na revista suíça “Antioxidants”, uma das mais importantes do ramo, em agosto deste ano. Mais de 15 cientistas da Universidade de Vila Velha (UVV), da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) e da Universidade de Santiago de Compostela participaram da análise das amostras.

A resina já era tradicionalmente usada entre moradores da cidade de Afonso Cláudio, na região Serrana do Espírito Santo, para o tratamento de feridas e foi apresentada aos pesquisadores por um estudante do curso de Farmácia da UVV. “Tudo começou com um relato de um aluno, em sala de aula, que comentou que seus avós, moradores de Afonso Claudio, têm o costume de utilizar essa resina extraída de uma planta e a gente vê que ela ajuda na cicatrização. Vocês não queriam fazer um teste para ver que efeitos essa resina tem?” Perguntou o estudante para a professora de Farmacognosia prof. Denise Endringer, que também é pesquisadora da mesma Pós-Graduação.

 

Imagem ilustrativa da pesquisa que está sendo
realizada por farmacêuticos do Espírito Santo

 

Thiago de Melo relembra que, na época, avaliou-se, também, o grande potencial que essa resina tem de combater radicais livres. “Dalí, passamos a investigar em diversos modelos experimentais, o potencial que esse extrato tinha. Observamos efeitos muito interessantes do ponto de vista antioxidante e de outras proteções cardiovasculares e renais, culminando agora com esse efeito protetor à pele, ajudando na cicatrização”.

Os estudos com a Bicuíba vêm sendo realizados há mais de dez anos. “Em 2015, conseguimos o primeiro dado, de uma proteção renal melhor, inclusive, do que muitos medicamentos disponíveis no mercado atualmente. Em 2017, vimos que essa resina pode, em animais, diminuir a formação de placas de ateroma, ter ação antiúlcera e também com proteção cardiovascular. Em 2018, eu fui para a Espanha, para fazer o pós-doutorado em Farmacologia, e pude continuar as investigações lá, publicando vários artigos com colegas espanhóis, nos quais a planta apresentava também efeitos vasodilatadores”, pontuou o farmacêutico.

As pesquisas têm demonstrado que a substância extraída da Bicuíba é também rica em taninos e polifenóis. “Nós também fizemos uma investigação química da resina, mostrando as suas propriedades – muitas revistas científicas exigem isso – para mostrar, além quais são os principais biomarcadores presentes nela. Já publicamos também este trabalho com uma série de substâncias antioxidantes. Então, ainda se pode ter outros desdobramentos futuros. Hoje ainda somos um país riquíssimo em biodiversidade, mas infelizmente ainda importamos muitos antioxidantes”, ressaltou Thiago de Melo.


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